No último dia 11 celebramos a festa de Nosso Pai São Bento. Publicamos aqui o trecho de uma homilia de João Paulo II dedicada a este monge que, em meio às ruínas de uma sociedade que mergulhava na decadência e na barbárie, foi o instrumento de Deus para inaugurar uma nova civilização.
João Paulo II
Quando, na pequena cidade de Núrsia, veio ao mundo São Bento, o mundo antigo se encaminhava para o fim; mas, na realidade, a semente do mundo novo já havia germinado: já tinha sucedido os “Christiana tempora”. A Roma do poder imperial, a Roma dos césares, passara. Ficara a Roma dos Apóstolos. A Roma de Pedro e Paulo, a Roma dos Mártires cuja memória estava ainda recente e viva.
Neste tempo do fim das potências do mundo antigo, nasce em Núrsia Bento, o homem de Deus que fala ao espírito com a linguagem das realidades últimas; fala de outra aspiração, outra dimensão de vida, outra justiça, outro Reino.
Lendo os sinais dos tempos, Bento viu que era necessário realizar, numa forma ordinária, na dimensão da vida cotidiana dos homens, o programa radical de santidade evangélica expresso nas palavras de São Paulo:
“Esquecendo-se o que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo em direção à meta, para obter o prêmio que, do Alto, Deus me chama a receber, em Cristo Jesus”.
Fl 3, 13-14
Era necessário que o heróico se tornasse normal, cotidiano; e que o normal e cotidiano se tornasse heróico.
Desse modo, Bento, pai dos monges do Ocidente, tornar-se-á também o fundador de uma nova civilização.
Homilia em Núrsia a 21 de março de 1980, para inaugurar o XV Centenário de São Bento

Em São Bento, vemos o poder da vocação e da eleição divina. Afinal, como pode ser que um humilde asceta da Úmbria, que nada mais desejava senão buscar a Deus, viver em Sua presença, e nada antepor ao amor de Cristo, venha a se tornar o fundador de uma nova civilização? Vamos tentar responder a essa pergunta no próximo post. Deixe aqui seu comentário, partilhe conosco seu pensamento.
Com São Bento e São João Paulo II, desejemos também nós um novo ardor do Espírito em nossas vidas para então sermos sementes de uma nova civilização. Dai-nos coragem, Senhor, para buscarmos fazer do ordinário de nossas vidas o extraordinário que vem de Deus. Viva São Bento que nos legou sua santíssima Regra de vida com vistas para o novo céu e a nova terra!
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Acho incrível, como São Bento mostra que através do cotidiano de uma vida simples em Deus, Se torna um caminho ao céu!!
A coragem para sair da perversidade do mundo naquela época, para ir em direção ao essencial, um testemunho que até hoje é grande…
Que São Bento interceda por nós, para que assim como ele, possamos ter a coragem de viver o essencial, e não o superficial!!!
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Obrigado pelo artigo!
Existem mosteiros na cidade de São Bento (Núrsia) nos dias de hoje?
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Sim, existe um mosteiro beneditino. Chama-se San Benedetto in Monte:
https://it.nursia.org/
O mosteiro que existia anteriormente foi fechado em 1810 por decreto de Napoleão, e os monges foram expulsos. Uma fundação relativamente recente (1998) foi feita pelos monges da abadia de Saint Meinrad (Estados Unidos).
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Os textos acima sintetizam o momento atual da humanidade de uma maneira muito certeira e abrem as portas para uma solução que traz esperança. Pessoalmente, acredito muito que a vida monástica é chamada a ter um papel essencial em um desfecho feliz para o mundo: primeiro, pelas orações diárias dos Monges em favor da humanidade; depois, pelo próprio estilo de vida dos monges que versa para o essencial da vida humana, que muita gente busca (sem saber que está buscando): Jesus Cristo.
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“Neste tempo do fim das potências do mundo antigo, nasce em Núrsia Bento, o homem de Deus que fala ao espírito com a linguagem das realidades últimas; fala de outra aspiração, outra dimensão de vida, outra justiça, outro Reino” – o exemplo de São Bento é fortíssimo e necessário para nossos tempos!
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Para mim, é por que São Bento mergulhou profundamente em sua espiritualidade, configurando-se com Jesus Cristo Misericordioso e Verdadeiro do Evangelho!
E o caminho é este: “Esquecendo-se o que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo em direção à meta, para obter o prêmio da suprema vocação de Deus em Cristo Jesus”. Fl 3, 13-14
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A nova civilização fundada por Bento é a civilização que o Senhor desejou em Cristo. O legislador são Bento escreve a Santa Regra sob a égide do Evangelho, colocando o Senhor ao centro do coração humano, a fim que O adore e O louve, uma civilização da qual todos os batizados são eleitos filhos amados e nitidamente distintos dentro do Corpo Místico de Cristo, onde o pobre e o jovem tem voz e valor. Bento XVI lembrou-nos recentemente disso citando a RB 3, 3: (…) o abade deve ser um homem que escuta, pois muitas vezes Deus revela a solução melhor a um dos irmãos mais jovens (…). Com isso inaugura a sociedade inclusiva e que releva a opinião de todos, sem por isso deixar de ter na figura do Pai a confiança da decisão absoluta.
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Que Deus nos conceda as luzes e a sabedoria necessárias para que, diante do estado atual de nossos tempos, saibamos agir de forma a despertar outras almas para a busca do “Único Necessário”!
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