A família Beneditina e Cisterciense celebrou, no dia 21 de março, a festa do Trânsito de São Bento, seu passamento para o Pai. Esta festa se reveste de significado especial para nós Cistercienses, pois foi no dia dessa festa, 21 de março do ano 1098, que o grupo liderado por Roberto, Alberico e Estêvão partiram de Molesmes para fundar o mosteiro de Cister.
Publicamos aqui um dos sermões de Santo Elredo de Rievaulx para esta celebração.
S. Elredo de Rievaulx
Sermão para a festa do Trânsito de São Bento
Doce é o fruto da bem-aventurança e todos a desejam; mas estreito e apertado é o caminho que leva à vida, isto é, à bem-aventurança. Por isso, poucos são os que nele entram. Muitos são os chamados e poucos os escolhidos. Por quê? Porque, como diz o Apóstolo, é necessário que passemos por muitos sofrimentos para entrar no Reino de Deus (At 14,22); e todos os que quiserem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos (2 Tm 3,12).
A bem-aventurança é, portanto, o Reino de Deus: o caminho que conduz ao reino são as tentações, as tribulações, as perseguições. Por isso, são poucos os que nele entram. Mas bem-aventurados os pobres, bem-aventurados os que choram, bem-aventurados os que têm fome e sede, bem-aventurados os que sofrem perseguição. Bem-aventurado o homem que suporta a tentação. Não porque a experiência desses males seja a bem-aventurança, mas porque sofrer esses males pelo nome de Cristo é o verdadeiro caminho da bem-aventurança: com efeito, bem-aventurado o homem que suporta a provação, porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida (Tg 1,12).
A tentação é o fogo, o homem é o ouro. Não tendo sido provado pelo fogo, não será considerado digno do diadema do Rei. Mas quem tiver sido provado, receberá a coroa da vida, terá parte na coroa do Rei supremo. Quem quiser saborear o fruto, não tema o trabalho, e quem quiser ser coroado que faça por onde ser provado. Saiba tu que, se receias a tentação, não poderá ser provado, pois está escrito: quem não é tentado não é provado (cf. Jt 8,22).
Foi esse, irmãos, o caminho que trilhou nosso pai São Bento. Primeiro foi tentado pela carne, tentado pelo mundo, tentado pelo demônio. Ouvistes como foi atormentado e provado pela tentação da carne. Lemos ainda a narrativa da perseguição que sofreu por parte do mundo, ou seja, dos que amam o mundo, não somente dos estranhos, mas também das pessoas de casa, dos falsos irmãos, dos perversos. É bem-aventurado porque venceu a tentação; porque, tendo sido provado, recebeu hoje a coroa da vida, prometida por Deus aos que o amam.
Leia também: 21 de março: Trânsito de Nosso Pai São Bento
Leitura recomendada:
“Vida e Milagres de São Bento”, por São Gregório Magno. Edições Lumen Christi. Esta é a mais importante biografia de nosso Pai São Bento, escrita pelo grande papa São Gregório. Neste texto está narrada o miraculoso passamento do santo patriarca, que, de pé no oratório, amparado por seus discípulos, entregou o espírito a Deus.
“Duas leituras da Vida de São Bento”, por Adalbert de Vogüé (“Bento, modelo de vida espiritual”) e Anselm Grün (“Unificação, o caminho de São Bento”). Edições Subiaco.
Ambos os títulos estão disponíveis na Livraria do Mosteiro
Sobre a jornada de nossos santos Fundadores rumo ao Vale de Cister, no dia da festa do Trânsito de São Bento, recomendamos o livro “Três Monges Rebeldes”, pelo monge trapista Pe. M. Raymond, publicado pela Minha Biblioteca Católica.

“A tentação é o fogo, o homem é o ouro”. Sábias palavras de Santo Elredo!
Como diz o livro do Eclesiástico: “Filho, se te apresentas para servir ao Senhor, prepara tua alma para a provação. Pois é no fogo que o ouro e a prata são provados, e no cadinho da humilhação, os que são agradáveis a Deus”.
Obrigado pela dica do livro “Vida e Milagres de São Bento”, por Gregório Magno. Vou ler.
CurtirCurtido por 2 pessoas
São Bento servo bom e fiel, convidado a participar da alegria do Pai.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Bem lembrado! “Servo bom e fiel” é precisamente a antífona de Comunhão para a Missa de São Bento:
“Fidelis servus et prudens, quem constituit Dominus super familiam suam : ut det illis in tempore tritici mensuram” (Lc 12, 42). Conheço a versão gregoriana, dos livros de Solesmes. É muito linda:
https://gregobase.selapa.net/chant.php?id=1008
Mas aproveito para perguntar: os Cistercienses cantam a mesma melodia?
CurtirCurtido por 2 pessoas
Nós, cistercienses, cantamos a mesma antífona para o Comum dos Abades, e também um dos formulários do Comum dos Confessores . Entretanto, ela é mais simples, como é regra para o canto cisterciense.
https://gregobase.selapa.net/chant.php?id=7847
CurtirCurtido por 1 pessoa
Obrigado!
Que tal publicar alguns artigos sobre canto gregoriano no blog?
CurtirCurtido por 1 pessoa